quarta-feira, julho 18, 2007

Abgrund entlang

Cada vez mais perto
Da beirada do abismo.
Já a vejo em minha frente.

Tiro de mim, primeiro, o amor
já que ele não me servirá mais.
já que ele não nos serve mais.
e ficam no chão nossos erros.

Dou um passo a frente
Cada vez mais perto
Da beirada do abismo.

Depois, me despojo da razão
e o alcool, cigarro e a loucura
invadem minha dor, me alucinam
perdida nas areias secas.

Outro passo a frente
Já vejo, tão perto...
a beirada do abismo.

Agora é a dor que fica
estendida ao relento
Nem dela eu preciso mais.
Já não funciona o seu alento.

Outro passo adiante
Ela vem chegando.
A beirada do abismo.

Busco em mim a resolução
pra isso, deixo a esperança.
Tão tolinha ela... melhor que fique.
Aonde eu vou, não cabem os sonhos.

Sempre em frente, sempre
cada vez mais perto
de que? Abismo.

Saem minhas crenças...
e vou me tornando aos poucos
algo monstro, algo crime
espelho dos meus defeitos.

Cada vez mais perto
de ficar frente a frente
de mim mesma, no abismo...

Quem eu sou? Já não sei
deixei a mim mesma
- ou os restos de quem eu era
pois já não me vejo mais.

Já quase chegando
tão infimamente perto
da beirada do abismo...

Mas na hora de deixar pra trás
as lembranças do passado
que são tudo que tenho,
que ainda guardo com carinho...

Eu reluto.

E, no instante em que reluto,
ouço uma voz de longe
vinda da direção da estrada
e que há muito eu não escutava:


"Não deixa ela cair... não deixa ela cair..."


Os olhos abrem de novo
e me vejo cara a cara
com a beirada do abismo.

Já não posso voltar pra estrada
e o que deixei no caminho
é irrecuperavel. Inestimável.
Não voltarei a ser o que era.

Só eu e o abismo
ele pisca, eu respondo.
não posso ir nem voltar.

Tomo então um novo rumo.
Eu vou, mas não na estrada.
Serei eu de novo, sem saber quem sou.
Mas isso eu nunca soube mesmo.

Seguirei, apreciando a vista
só eu e minhas memórias
lado a lado... com o abismo.


Abgrund entlang = "junto ao abismo, ao lado do abismo" "along abyss"

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